Visite Também

Visite também o Blog do José Attico.

sábado, 4 de setembro de 2010

Professoras de Teresópolis pedem em sala de aula votos para Serra

O preferido das mestras é imposto aos alunos
Algumas professoras da rede municipal de Teresópolis estão fazendo propaganda do candidato José Serra nas salas de aula. Quando encontram resistência recomendam Marina Silva, do PV. Embora esse tipo de comportamento deva ser enquadrado no que chamamos de falta ética na sala de aula, o método utilizado pelas professoras é um primor de falta de imaginação explícita.

 Durante as aulas, algumas das mestras (e mestres) vêm utilizando o terrorismo como método de caçar votos para os tucanos. Assim, Dilma é apresentada como “uma mulher que já esteve presa “(sem, é claro, com uma explicação sobre os motivos da prisão). Quando os alunos questionam, a resposta é que a candidata do PT à presidência “era terrorista”.


A mentira pode ter pernas curtas, mas no caso, ao invés de ajudar democraticamente a escolha do candidato a presidente pelo aluno, a professora (ou o professor) apostam no engodo. Isso, porque boa parte dos estudantes talvez não tenha acesso à Internet. Ou se tem, talvez encontre dificuldades para checar o passado dos candidatos.

Outros nem se darão ao trabalho, acreditando que a professora (ou professor) não é apenas um medíocre cabo eleitoral de Serra, mas uma pessoa isenta, creditada a dar informações corretas sobre um assunto sério. Os alunos das escolas públicas estão quase sempre propensos a acreditar nas palavras de quem está posto ali para passar conhecimento.

Alguns são jovens demais para questionar, outros que tentam aprender para fugir da dura rotina do analfabetismo, nem têm como se informar, suficientemente, para contestar.

Mas a regra tem suas exceções. Dia desses um aluno do segundo grau resolveu contra-argumentar no caso da prisão de Dilma Rousseff. E diante da turma levantou-se para explicar aos colegas que “a prisão se deveu à luta da candidata contra a ditadura. E seguiu em frente perguntando à mestra se ela havia percebido que “a vida melhorou muito nos últimos anos”.

A discussão continuou, ainda que amistosa, até que sem argumentos, a professora disse que não votaria na candidata do PT porque “Dilma tem cara de maluca”. Com um argumento desse o aluno encerrou a discussão, desejando boa sorte à professora na hora de votar em José Serra.

Pode ser surpreendente que uma professora use de argumento como esse para fazer propaganda do candidato tucano em sala de aula. Mais, ainda, quando, pela primeira vez, o governo federal tenta estabelecer para a categoria, um piso nacional bem acima do que vem sendo, historicamente, pago aos professores.

Pode ser surpreendente também que pessoas da classe média, beneficiadas pelo crescimento do crédito, implementação de programas habitacionais e aumento do número de empregos, por exemplo, optem por um candidato que até outro dia prometia seguir à risca o programa do PT e ia para a televisão com um retrato de Luiz Inácio Lula da Silva no fundo do cenário.

Pode ser surpreendente, mas é assim mesmo. Sociólogos e antropólogos há anos fazem estudos e pesquisas sobre o comportamento das classes médias conservadoras. A conclusão é que essas pessoas tendem a fixar-se no desejo de “parecer mais rico”. Ou seja, a ideia é seguir padrões de comportamento de grupos sociais que estão naquilo que, comumente, chamamos de “topo da pirâmide”.

Como fica difícil assumir padrões que só o dinheiro – e muito – pode comprar, o jeito é uma aproximação através de canais que permitam um aparente equilíbrio entre os mais abastados e a classe média.

Nesse caso, o voto pretende estabelecer uma linha demarcatória entre “o nosso voto” – da classe média – e o voto dos pobres, favelados e deserdados da sorte, o voto do trabalhador que, embora tenha deixado para trás o salário mínimo de US$ 73 para alguma coisa em torno de US$ 250, continua estigmatizado. 

Aliás, o aumento da renda das famílias aproxima “perigosamente” os “pobres” da classe média conservadora.

A troca da favela pelo apartamento do “Minha Casa, Minha Vida” no mesmo bairro de classe média, a descida do morro para o asfalto e, principalmente, a proximidade não só física, mas de hábitos e costumes, irrita pessoas como a professora serrista, que imagina “usurpados alguns de seus direitos ancestrais”.

A linha demarcatória entre os que se consideram parceiros dos ricos e os que por eles são considerados pobres se faz na hora do voto. Mesmo que esse voto, às vezes, possa contrariar os interesses da própria classe. É do jogo.

Texto de José Attico


















Nenhum comentário:

Postar um comentário