De início a
estratégia das oposições era bem outra. Nas redações a então possível candidata
à presidência da república pelo Partido dos Trabalhadores era mostrada como a
mulher truculenta, mandona, capaz de criar constrangimentos entre auxiliares
mais próximos e até ministros de estado que não caminhassem no ritmo da Casa
Civil.
Uma
entrevista, do empresário Abílio Diniz possivelmente publicada na íntegra,
contribuiu para quebrar um pouco essa imagem. Diniz, que é um anunciante de
grande importância (Ponto Frio, Casas Bahia, Pão de Açucar) para jornais
decadentes, ficou à vontade para dizer que Dilma Rousseff era uma pessoa suave,
que nada tinha de autoritária ou truculenta. E mais, “era uma boa ouvinte e
muito simpática”.
Agora esses
mesmos jornalões forjam outra personalidade para a candidata.
Dilma, no
governo, seria “manipulada” por figuraças como Zé Dirceu, e outros menos votados
– em geral “mensaleiros com desejo de vingança” – que levariam o governo mais
para a esquerda e coisa e tal.
Nos últimos dias a campanha do candidato do
PSDB, José Serra desistiu de mostrar mesmo um esboço de plano do que seria seu governo
e partiu para tentar associar Dilma Rousseff a escândalos, mesmo os acontecidos
lá atrás, quando sua candidatura não era nem esboçada.
Esporadicamente
– já que os repórteres encarregados de “fazer escada” para o presidenciável só
fazem perguntas sobre pretensos escândalos petistas - Serra diz alguma coisa sobre
seus “planos de governo”.
Assim ficamos sabendo que, contrariando o manual neoliberal, o salário mínimo vai chegar aos R$ 600,00. É pouco perto da proposta
de um dos candidatos nanicos que, se chegasse à presidência, elevaria esse
número imediatamente para R$ 2.000,00.
(O candidato
não explicou como dar esse salto, sem provocar milhões de demissões,
principalmente nas médias e pequenas empresas que empregam o maior contingente
de trabalhadores e a bola foi tocada pra frente sem maiores delongas).
Serra
também avisa que se eleito for vai criar o ministério da Segurança. Embora o
tema segurança seja mais afeto aos estados da Federação, talvez o candidato
esteja propondo um aumento no contingente da Polícia Federal com status de
ministro para seu diretor geral.
É possível,
mas como interferir no caso da violência das ruas, o crime comum, o assalto, o
tráfico? O ministério da Polícia vai substituir a PM? Ou vai assumir o comando
dos batalhões?
A impressão é que José Serra tem idéias mais ou menos vagas
sobre o problema da violência e quer impactar os eleitores com medidas
palatáveis. Ou que na opinião de seus marqueteiros “mais fáceis de serem
entendidas pelo povão”. Pelos resultados das pesquisas a coisa não deu muito
certo até agora.
Os fatos
mais concretos em relação a programas de governo surgiram no início da campanha
quando Serra estampou um retrato de Luiz Inácio Lula da Silva no fundo do
cenário de seu programa de TV e tentou apresentar-se como “um seguidor das
políticas dos últimos oito anos”.
Um seguidor melhor do que Dilma, é claro.
Também não deu certo. Choveram críticas de correligionários e Lula foi sacado
da campanha tucana.
Agora os
ataques à candidata do PT estão muito mais para a tentativa de “ganhar no
tapetão” do que nas urnas. Há um cheiro de golpe no ar, mas mesmo esse tipo de
expediente não tem muito como progredir.
Muita gente cresceu durante o governo
Lula e a perspectiva de um movimento do gênero Fora Collor, com greve geral e o
povão nas ruas desanima eventuais manobras por parte do Poder Judiciário nesse
sentido.
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