Arrogante,
prepotente, encrenqueiro são alguns dos epítetos atribuídos pelos adversários ao
Vereador Cláudio Mello. Para os amigos ele não é nada disso, o que acabou se confirmando
durante a entrevista.
Seu
comportamento foi suave, o tom da conversa não subiu, nem mesmo quando entraram
em pauta suas discussões com o atual presidente da Câmara, Habib Tauk.
Aliás, o vereador do PT fez questão de dizer
que seu problema com Tauk não é pessoal e que “os debates (e embates) fazem
parte da prática democrática”.
Casado, 42 anos,
duas filhas, bancário, sua trajetória começou com a atuação sindical em 1989,
como diretor de base. A seguir, Mello foi presidente do sindicato dos bancários
de Teresópolis por duas gestões e estava na terceira, quando veio a candidatura
e, mais tarde, a eleição para a Câmara.
No sindicato,
chegou à vice-presidência da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e
Espírito Santo e negociador do comando nacional da categoria. Durante esse
período, foi assinado com os banqueiros o chamado contrato nacional, que
estabelece o mesmo salário para bancários do Oiapoque ao Chuí.
Primeira
Tentativa
“Durante o
período de militância sindical, tive a oportunidade de acompanhar, mais
detalhadamente, as práticas de gestão pública e verificar como as
administrações eram não só imorais, como atrasadas.
Então, uma
parcela dos sindicalistas chegou à conclusão de que o ingresso na política não
só poderia melhorar os quadros, como expor os políticos responsáveis por
imoralidades em Teresópolis,” lembra. “Até então, nós apoiávamos o vereador
Ubiratan de Souza, o Bira, que deixou a política partidária”.
A primeira
tentativa de chegar à Câmara não deu certo. Os 800 votos - foi o segundo mais
votado do PT - não levaram Cláudio Mello a uma das cadeiras, mas o vereador
ganhou experiência. E viveu momentos de muita emoção quando subia os morros de
Teresópolis em busca de votos.
“Um amigo, faxineiro
de um dos bancos da cidade fez, por conta própria, uma reunião na casa dele.
Eram umas 30 pessoas e depois que eu falei da minha proposta, foi servido um
guaraná com cachorro quente. Mais tarde, eu soube que esse companheiro tinha
pego o guaraná fiado na barraquinha próxima e isso me emocionou bastante.”
Relutância
Cláudio
Mello conta que sua campanha “é geralmente mais difícil. Eu não troco voto por
tijolos, cimento ou mesmo promessas que não poderão ser cumpridas no futuro.
Faço
propaganda pela valorização da vontade do eleitor. Na primeira vez que
concorri, mesmo não tendo sido eleito, recebi os cumprimentos do juiz eleitoral,
Carlos Basílico, pela campanha educativa que fiz”, lembra.
O vereador
do PT diz que relutou muito antes de sair candidato em 2008. “Eu sabia como era
difícil e que ia ter, forçosamente, que entrar em contato com práticas
contrárias a minha maneira de ver a política.”
“Então, eu
procurei aconselhamento com o Biscaia (Antônio Carlos, deputado federal pelo
PT). Ele me disse que ficasse à vontade, mas torcia muito para que minha
decisão fosse pela busca de um mandato. Relutei, mas vi que depois de 15 anos
de militância eu não tinha o direito de recuar”.
A explicação
do vereador para o número grande de votos nas áreas carentes de Teresópolis é
simples: “É a capilaridade social”. Quando trabalhava no Itaú, eu estava sempre
em contato com aposentados.
Era também
colega de trabalho de pessoas mais humildes, como faxineiros e vigilantes.
Esses homens e mulheres sabiam da minha militância e concordavam com as
posições que eu defendia. Daí, a apoiarem a candidatura, foi apenas um passo.
Sobre seus
embates com Habib Tauk, Cláudio Mello diz que “prefere resolver as diferenças
politicamente antes de levar para o judiciário. O que já aconteceu”.
“Até porque
quando se parte para o pessoal, a população é a que leva a pior”. Um dos
choques com o presidente da Câmara aconteceu no caso de concurso público com
resultado suspeito, em que 12 vereadores acabaram pedindo anulação.
Leis aprovadas
O vereador
Cláudio Mello teve aprovadas leis que contribuíram para o desenvolvimento da cidadania
do município. A Lei Municipal 2.813 autoriza o Executivo Municipal a
implementar em Teresópolis o Programa Nacional de Segurança com Cidadania, Pronaci,
com o objetivo de priorizar prevenção e buscar as causas que levam à violência,
sem abrir mão das estratégias de ordenamento social.
A Lei
Municipal 2.807 institui a Semana Municipal de Agricultura Ecológica, que
passará a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município, com o objetivo
de divulgar a agricultura ecológica desenvolvida por centenas de produtores
familiares que privilegiam o plantio sem agrotóxicos.
Outra, a Lei
Municipal a 2.830 (Contra a Pedofilia) protege crianças e adolescentes de
violência ou exploração sexual.
Uma dezena
de leis de autoria de Cláudio Mello permite, por exemplo, a veiculação de
propaganda institucional na traseira das bancas de revista, propõe a
capacitação de motoristas de táxi (Táxi Turismo) para atender à demanda
crescente de pessoas que vêm passar férias e fins de semana na cidade.
A Lei
Municipal 2.819 concede licença autonomia de táxi ao cônjuge ou herdeiro
sobrevivente do (a) guarda municipal que venha a falecer em serviço.
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