Há segmentos
da velha classe média que estão encantados com a performance de Marina Silva
nessa eleição. O desempenho meio irresponsável da ex-petista diante de câmeras
e microfones dizendo que vai fazer o que não pode, excita setores jovens que se
dizem cansados da dicotomia PT/PSDB. Se Marina chegasse ao poder o que
aconteceria?
Muita gente não
se lembra (ou não quer se lembrar) do ex-presidente Fernando Collor de Melo.
Marina não é Melo, que ao se candidatar exibia não um currículo, mas uma folha
corrida das mais extensas. Boa parte da direita que venceu as eleições, na
época, sabia quem era o ex-prefeito, ex-governador biônico de Alagoas, mas
votou nele assim mesmo. Só para derrotar Lula.
Collor
também teve votos gênero Tiririca ou mesmo Paulo Maluf, de pessoas para as
quais ir às urnas é uma brincadeira como o jogo de porrinha na porta do botequim.
São pessoas que depois das eleições se dedicam a falar mal dos parlamentares que
eles mesmos ajudaram a eleger. Ou porque receberam “um troco” ou para fazer
graça ou, ainda, porque acreditam que suas vidas nada têm a ver com eleições.
Sem quadros,
o presidente eleito Collor trouxe figurolas esdrúxulas para o governo, entre as
quais Zélia Cardoso de Mello, a economista que apareceu na campanha e na falta
de alguém com o mínimo de competência para administrar o ministério da Fazenda,
acabou com o controle da economia nas mãos.
Zélia
resolveu cassar as economias da classe média que acreditava na poupança da
Caixa e acabou cassando o próprio Collor. Sem o sumiço da poupança os
brasileiros, talvez, tivessem engolido à força as aventuras de PC Farias e sua
turma e a inflação, possivelmente, chegasse aos níveis da Alemanha entre as
duas guerras mundiais.
Marina, com
certeza, iria botar o pé no freio da construção das hidrelétricas da Amazônia e
depois não saberia o que fazer diante da iminência de apagões Brasil afora. Tomaria
medidas que deixariam o Brasil sem qualquer competitividade a nível
internacional e depois não saberia o que fazer com o desemprego.
Além disso, os
que pretendem votar em Marina Silva não têm muita visão sobre a nossa
democracia. Cheia de defeitos, mas desejada para quem já viveu 21 anos de
ditadura. Marina, no poder, teria que negociar apoio para suas propostas,
possivelmente com o PT e o PMDB, partidos
que ameaçam fazer grandes bancadas no próximo dia 3.
E negociar
significa fazer concessões. A ex-ministra do Meio Ambiente teria o mesmo pique
de Luiz Inácio Lula da Silva para trocar figurinhas com gente como José Sarney?
Ou com o provável senador Aécio Neves? Ou com governadores poderosos como
Sérgio Cabral? É um jogo para quem sabe jogar.
E´ estranho
que se questione o conhecimento de Dilma Rousseff para o trato da coisa pública
e que se veja em Marina Silva uma pessoa preparada para assumir a presidência,
depois de ocupar um ministério do qual se exige pouco. Mas é assim mesmo.
Adversários de menor importância não costumam ser incomodados.
Então, a ex-ministra, fada da floresta, não deve se
iludir, nem um pouco, com as manifestações de simpatia da mídia, que hoje
incensa sua candidatura apenas para tentar derrubar Dilma Rousseff. Se eleita
fosse, logo apareceriam dossiês e outras milongas destinados a criar
constrangimentos a seu governo.
Quem seria a
Zélia Cardoso de Mello, de Marina Silva?
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