A quantidade
de novos carros particulares aumentou, reduzindo o número de passageiros em
potencial. Mas a quantidade de turistas que sobe a serra nas férias, feriados e
fins de semana também cresceu.
Os pontos de
táxi que eram26, agora são trinta e um. Pelo menos mais 20 carros estão rodando
em Teresópolis, segundo um taxista da praça da igreja de Santa Thereza. Então,
como fica a categoria diante dessa nova realidade?
Para o
presidente do sindicato, Onofre Correia Pinto - está no quinto mandato - os
taxistas tiveram uma melhoria substancial e agora ganham muito mais do que no
passado.
A resposta é
mais moderada quando falam os motoristas dos pontos no Alto, em frente à
Feirinha, na Rodoviária de Teresópolis ou na praça da igreja de Santa Thereza,
no centro. E a admissão de que as coisas melhoraram, parece estar envelopada
num certo constrangimento.
Para Correia
Pinto, entretanto, a melhoria não aconteceu só no volume de trabalho, com mais
turistas visitando Teresópolis. “Houve um aumento de 20 por cento na tarifa,
depois de quatro anos, o que possibilitou melhoria substancial na frota”.
Num passado
que não é tão remoto assim - segundo o sindicalista – “os carros estavam
sucateados, alguns com mais de vinte anos de uso e os profissionais nem tinham mais
crédito nas oficinas”.
“Hoje o
taxista de Teresópolis é um profissional autônomo, documentado, e com crédito
para trocar seu táxi por um mais novo, usando os benefícios da lei. (Não pagam
ISS nem ICMS na compra de carro novo). E mais, acabou a concorrência dos
amarelinhos do Rio, que tiravam muitos passageiros do pessoal daqui”, explica.
Sobre esse
item, Onofre Correia Pinto dá um detalhe que, em geral, passa desapercebido de
boa parte da população: “muitos moradores de Teresópolis preferem deixar o
carro em casa e contratar um táxi em suas viagens para o Rio.”
“A pessoa pode
viajar lendo, por exemplo, vai tranqüila porque sabe que está nas mãos de um
profissional competente, salta onde quer, enfim, faz uma viagem agradável por
um preço quase igual ao que gastaria se utilizasse o próprio veículo”, diz.
“Hoje,
taxistas de Teresópolis viajam pelo Brasil inteiro levando e trazendo
passageiros”, completa. O presidente do Sindicato dos Taxistas diz que há
profissionais na cidade que precisam ser agendados, com antecedência, por
moradores que desejam seus serviços.
Para Hélio
de Souza, o movimento no ponto da Rua Slopper, no Alto, melhorou nos últimos
tempos, mas o aumento do número de corridas só acontece mesmo nos dias em que a
Feirinha funciona.
“Tem gente
que chega de ônibus, atraída pelas compras, mas depois quer conhecer os pontos
turísticos da cidade. Também tem o pessoal dos hotéis e pousadas, que liga para
o ponto pedindo um táxi para levar turistas aos lugares de maior fama”.
Segundo
Souza, os destinos são poucos: Parque Nacional, Mirante do Soberbo, CBF e o
Orquidário Aranda. “Não há muito mais coisa para ser mostrada em Teresópolis,
né mesmo?”
Aos 64 anos,
aposentado, Souza contesta seu colega de ponto, João Batista de Assis que
reclama de pagar ISS. “Antes a gente não pagava”, lembra Assis. “Pois é, mas
nós somos profissionais autônomos e temos que pagar”, retruca Souza.
Assis acha
que embora o número de passageiros tenha crescido, a quantidade de táxis na cidade
também aumentou. “Sabe como é, muita gente chega com padrinho e coisa e tal e
acaba conseguindo o alvará da prefeitura. Se continuar desse jeito complica;
não vai dar pra ninguém ganhar mais nada”, conclui.
Os
motoristas aproveitam a ocasião para cobrar a promessa de um banheiro mais
próximo do ponto. “Dizem que agora, com a reforma da praça o banheiro vai sair.
Estamos esperando”, lembra Assis.
Desconfiado
com as perguntas , com medo até de dizer o nome, Josias Apolinário é chamado de
“o chefe” pelos outros motoristas que fazem ponto na Rodoviária. Para ele, o
movimento aumentou, mas como o número de táxis também é maior o ganho se
manteve.
“É mais ou
menos o que aconteceu no Rio com o programa Diária Nunca Mais, que facilitou a
compra de novos táxis para quem era diarista e encheu as ruas da cidade de
novos táxis, baixando o ganho de todo mundo.”
Para Francis
Rebello Rezende, que para seu táxi na praça de Santa Thereza, a vida ao volante
é satisfatória. “Dando pra pagar as contas, tudo bem. Mas podia ser melhor se
Teresópolis se preocupasse mais com o turismo”, diz. “Faltam atrativos, as
pessoas não têm nada pra fazer à noite. O único programa possível é o
restaurante”.
“A cidade
não tem um boliche, por exemplo, uma boate de qualidade. O festival de cinema,
que já foi nosso, mudou-se pra Gramado”, lembra. “Como não há programas
noturnos, o pessoal fica em casa e nós ficamos sem trabalho”, diz.
“Durante o
dia a coisa não é muito melhor. São dois ou três passeios, CBF, Soberbo, Parque
Nacional e acabou. Nós deixamos de faturar mais porque os táxis ficam mais
tempo parados”.
“Eu também
acho que falta um pouco de carinho, da parte de moradores e autoridades, com a
cidade, as pessoas parece que não ligam muito para o lugar onde moram, não
estão nem aí para pedir melhorias, não se importam com a cidade”, conclui.
Texto de : José
Attico
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