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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sobre Pelé, Caetano e Zico

 Caetano Veloso e Pelé foram gênios. Ou quase. Pelé, ninguém duvida, foi o maior jogador que pisou num campo de futebol. Veloso foi um dos mais brilhantes poetas da música que as décadas de 60/70 puderam curtir. 

Pelé não teve rivais.  E só os argentinos, somente eles, acreditam que Diego Maradona jogou um futebol parecido. Não jogou. Maradona pode ser comparado a Rivelino, Zico, Gérson, Falcão, Sócrates e Didi. E só. Talentosíssimo, mas em nada comparável ao chamado Rei do Futebol. 

Zico, que não teve sorte nas Copas do Mundo que disputou, foi tão bom quanto Maradona. Ou talvez melhor.

Na vida real, no entanto, Pelé e Caetano Veloso estiveram muito aquém da genialidade mostrada nos campos de futebol ou nos shows, discos e CDs que marcaram suas bem sucedidas carreiras.

Zico também esteve longe do talento mostrado nos gramados, inclusive fazendo parte do ministério de Fernando Collor de Melo, o primeiro presidente eleito pelo voto popular, depois de 21 anos de ditadura, e o primeiro, também, a demitir-se do cargo, quando o Congresso já votava sua cassação. É bom lembrar.

Na vida real, Pelé esteve sempre metido em grandes trapalhadas, envolvendo-se com estelionatários de vários naipes. Começou com Pepe, o Gordo (não seu companheiro de Santos). Os dois ficaram sob suspeita, mas acabaram livres. 

Nem a Justiça tinha coragem – isso faz muito tempo, é verdade – de macular a vida do Rei do Futebol.  De trapalhadas em trapalhadas, Pelé esteve sempre próximo de episódios em que muito dinheiro simplesmente desapareceu.

Nessas horas, trocas de acusações entre ele e seus ex-sócios viravam notícia de jornal, mas tudo sempre acabava numa saborosa pizza, devorada lá mesmo, na cidade de Santos. 

Pelé nunca reconheceu uma filha, apesar de exames confirmarem a paternidade. Jamais fez qualquer manifestação a favor dos negros e nem se lembra dos tempos em que era muito pobre na cidade de Três Corações, Minas Gerais.

Caetano Veloso nunca esteve metido em trapalhadas com o dinheiro dos outros, mas em sua busca insaciável pela notoriedade, acabou criando um marketing pessoal que, na maioria das vezes, contradiz a persona que havia montado na época da repressão.

Durante a ditadura era um combatente, foi preso, ameaçado e teve que se exilar em Londres. Mas, recentemente, disse na TV que as músicas escritas por lá não têm qualidade. Ou coisa parecida, mas renegou a fase “London, London”.

Voltando ao Brasil, passou a vestir saia, assumiu gestos efeminados e compôs “Menino do Rio”. Tudo bem em assumir o que na época era chamado de “lado feminino”. Sem preconceitos.  Mais tarde, trocou a roupa feminina por um discreto terno que tem usado nos shows mais recentes.

Nessa trajetória razoavelmente longa, com a ajuda de seus seguidores – um exército de talibãs que bebe as palavras do mestre – voltou à mídia várias vezes, simplesmente, porque leu Joaquim Nabuco e por outras milongas. Sem a menor importância para o respeitável público, mas sacralizadas pelos admiradores.

Na tentativa de abrir espaço nadando contra a maré, Veloso disse que Lula é cafona, kitsch e outros adjetivos engraçados. E foi por aí falando mal do ex-metalúrgico. 

Tão mal que Dona Canô, sua mãe e um irmão que ficou na Bahia, escreveram uma carta ao presidente pedindo desculpas. Embora a cada ano o espaço para essas diatribes esteja se reduzindo, a repercussão nem foi tão boa assim.

Os talibãs do baiano talvez tenham conseguido melhorar de vida na era Lula e é até possível que os jornais estejam cansado de abrir espaço para as tiradas de mau humor, nem sempre responsáveis do bardo.

Kitsch, cafona, são adjetivos fora do contexto eleitoral e a bola foi tocada pra frente. Ou melhor, os jornalões, que já deixaram de formar opinião há muito tempo, não deram muita bola pra Caetano Veloso.


Zico usa o uniforme dos membros da classe média que conseguem ganhar dinheiro a rodo e se sentem obrigados a agir e pensar como os “ricos  de berço”. Ele que, como jogador genial, teve a oportunidade ao longo da carreira de conviver com garotos da favela - Adílio, Julio Cesar e muitos outros – parece ter dado as costas ao passado. 

Depois de Collor, agora apóia  José Serra.  Só falta... Bom, deixa pra lá.          

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