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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Classe Média Vai ao Paraíso?* Em Teresópolis aumenta o número de hóspedes em muitos hotéis e pousadas

Que a presença de turistas nas ruas, bares e restaurantes de Teresópolis aumentou muito de dois anos para cá, é visível. Basta alguém se dar ao trabalho de observar as placas dos carros que frequentam as ruas do Alto e do centro da cidade nos fins de semana, mesmo os não prolongáveis, como o sete de setembro.

Os hotéis e pousadas, em sua maioria, registram um aumento na taxa de ocupação. Alguns gerentes usam a expressão “crescimento significativo” para ratificar a mudança.

 
E quem são os novos hóspedes? Para Célia Regina da Silva, da pousada Toca Terê, Rua Reinaldo Viana, 277, Ingá, mudou o perfil do hóspede. “Antes quem se hospedava aqui eram pessoas da classe AA, que fechava um pacote de, digamos, três dias, pagando duas diárias.

Hoje, quem passa o fim de semana em Teresópolis procura um jeitinho de pagar apenas uma diária. Em compensação, a taxa de ocupação aumentou. Mas quando cai a média de permanência, os custos do hoteleiro ficam mais altos, já que ele é obrigado a remontar o chalé com maior frequência”.

E prossegue: “mas essas pessoas, em geral de uma classe B em ascensão, são ótimos hóspedes, menos exigentes, sempre felizes com o serviço”. Outro detalhe: diminuiu o número de paulistas que vinham à Toca Terê. ”Hoje o hóspede mais numeroso é o que vem do Rio de Janeiro e Niterói”.    

Para Célia Regina, no entanto, o feriado de sete de setembro foi um fiasco, o que atribui à proximidade das eleições.  Segundo ela, muitas pessoas envolvidas diretamente com a eleição, estavam trabalhando nas campanhas e só devem reaparecer depois de 3 de outubro.
Em outra pousada, a Meu Repouso, na Rua Melo Franco, 295, Alto, muito próximo da Feirarte, a proprietária Doris Martins Ferreira acredita que o aumento da taxa de ocupação fica em torno dos 10%. Mas durante a semana os números caem.

“De domingo a sexta ficamos com alguma coisa em torno de 5% a 10% de taxa de ocupação. Mas nos fins de semana e principalmente nos fins de semana prolongados temos casa cheia, com 90% a 100% de hóspedes na pousada”. Segundo as informações do pessoal da pousada, o perfil do hóspede não mudou. A Meu Repouso é reduto da classe média.

Marcos Lima, gerente do São Moritz, Estrada Teresópolis-Friburgo, Km 36, Vieira, diz que o fluxo de turistas melhorou um pouco, apesar de uma queda em 2009, que ele interpreta como consequência da crise na economia mundial.

A taxa de ocupação cresceu entre 5% e 10%, segundo ele “em razão do aumento do poder aquisitivo da classe média, que passou a direcionar parte da renda para o lazer”. Mudou o perfil do hóspede? “Antigamente só os mais ricos frequentavam o hotel. 

 As taxas de ocupação no São Moritz ficam entre 80% e 100% nos feriadões. Durante a semana, em torno de 60%. Nos finais de semana é o imponderável, mas pode chegar a 100%”.

Outro detalhe lembrado por Lima: aumentaram as despesas dos hóspedes dentro do hotel.  “A venda de vinho pulou de 2 a 3 garrafas por fim de semana, para alguma coisa em torno de 15. As pessoas começaram a ter mais informações sobre os vinhos, melhoraram seu paladar e estão bebendo mais.

Também aumentou o consumo de cervejas mais caras”.  Outra mudança de comportamento é registrada pelo gerente do São Moritz: “no passado os hóspedes ficavam em torno de 10 dias no hotel, mas vinham uma ou duas vezes por ano. Hoje, esse número aumentou para seis, sete vezes, com menor tempo de permanência.”

Muita gente vem para o fim de semana, com chegada na sexta, no final da tarde e saída na tarde de domingo o que equivalem a duas diárias. Datas como carnaval e reveillion a permanência sobe para três, quatro dias.

Na pousada Albuquerque, Rua Guatemala, 50, Albuquerque, o proprietário  Antônio Augusto Pimentel não observou mudanças nem na taxa de ocupação nem no perfil dos hóspedes. “Para nós a situação é a mesma.

A pousada quase não trabalha com clientes de balcão (pessoas que não fazem reserva antecipada ou simplesmente se apresentam na portaria). Nossos hóspedes, em sua grande maioria, são pessoas de clubes de viagem, conveniados, que chegam em grupos, geralmente no meio da semana e gastam duas diárias”.

Na pousada Ukimara, o gerente, Fabiano de Paula Ferreira, também não observou aumento na taxa de ocupação nem mudança no perfil dos hóspedes. “São casais entre 30 e 65 anos que passam o fim de semana na pousada; pessoas que podem ser chamadas de classes médias A e B. O público se renovou, mas as características se mantiveram”, conclui.

Caldun Salha, do Bel Air Hotel, Rua Cláudio de Souza, 50, Soberbo, acha que o perfil dos hóspedes não mudou. Para ele que trabalha com a classe média (e não com a classe A, como enfatiza) o movimento aumentou em cerca de 20% nos últimos tempos.

O proprietário do hotel, no entanto, atribui esse crescimento da taxa de ocupação “ao aumento dos atrativos da cidade e à melhora no marketing  do hotel”. Cuidadoso, Salha diz que não poderia aferir o aumento do número de hóspedes ao crescimento da renda das famílias.

A maioria dos hóspedes do Bel Air fica no hotel durante o fim de semana, feriadões e não costuma prolongar esses períodos nem mesmo durante as férias.

No Hotel Village Le Canton, Rua Diógenes Pedro da Costa, s/nº, Vargem Grande, Cristina Mendes, gerente geral, no cargo há um ano e nove meses, diz que a taxa de ocupação aumentou significativamente. “No passado, antes da minha gestão, tínhamos uma taxa de ocupação mais baixa com hóspedes da chamada classe A”.  

“Agora, temos um mixed de classes com alta taxa de ocupação. Para você ter uma idéia, a partir de outubro, não há mais apartamentos disponíveis até o final do ano. Isso é, sem dúvida, o resultado do crescimento do turismo em Teresópolis”.

 Cristina acredita que a demanda aquecida é resultado do aumento da renda das famílias, mas lembra que o Le Canton passou por uma grande mudança nos serviços e atendimento ao hóspede.

“Hoje temos um atendimento diferenciado, que faz com que os hóspedes já estejam retornando dois ou três meses depois”, explica. “Isso significa um grande aumento na taxa de ocupação”, conclui.

* O filme de Elio Petri chama-se, na verdade, “A Classe Operária Vai ao Paraíso”. Foi rodado em 1971 na Itália e conta a história de um operário -odiado por seus companheiros de trabalho e adorado pelos patrões - que tem sonhos de ascender à classe média. Nos papéis principais dois ícones de Cinecittà: Gian Maria Volonté e Salvo Randone.





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