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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Porque a classe A vai votar em Dilma Rousseff

Folha de São Paulo:

 “... a petista passou o tucano em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Paraná e entre os eleitores com maior faixa de renda...”

A última pesquisa Datafolha, publicada quinta-feira (26) mostra um dado novo e preocupante para a oposição. E não só para tucanos e demos, mas também para conservadores de vários matizes: Dilma vence também entre os eleitores mais ricos. Tenho uma certa dificuldade em acreditar que antropólogos e sociólogos de plantão previssem um resultado como esse.

Embora haja uma pista. Ouvi de uma velha senhora, tempos atrás, que não apoiava Lula por puro preconceito. (Ela usou a palavra preconceito sem nenhum problema). Era uma mulher lúcida, que nasceu na década de 20 e trazia toda uma carga emocional de classe média. Morava na Zona Sul do Rio de Janeiro e não aceitava que um operário tivesse chegado à presidência.

Mesmo sabendo, e ela sabia, que a política econômica tinha livrado o Brasil da crise das sub primes, que o país crescia, que a retomada do emprego começava a bater recordes, assim como a produção industrial. 

A velha senhora concordava com tudo isso mas... “É preconceito, eu não posso aceitar que uma pessoa de pouca instrução esteja na presidência”, dizia.

Então, o apoio da classe média alta pode não ser tão surpreendente assim: Dilma, uma mulher de classe média e instrução universitária pode ser mais palatável a  um grupo numeroso de abastados que nunca engoliu o “Sapo Barbudo”.  (O copyright de “Sapo Barbudo” é de Leonel de Moura Brizola.)

No entanto, é necessário ver quem são essas pessoas. Normalmente, o IBGE classifica entre os mais ricos pessoas que sejam proprietárias de suas   casas, tenham um carro na garagem e todos os eletro-eletrônicos que fazem parte do chamado mundo moderno.

É possível que haja no Brasil de hoje um formidável contingente de “eleitores com maior faixa de renda”, sem que necessariamente sejam donos de meios de produção.  

E para essas pessoas, o crescimento da economia nos últimos oito anos pode significar prosperidade ou a percepção de que a queda do desemprego e benefícios auferidos pela população mais pobre deve se refletir em sua qualidade de vida.

Há, por exemplo, entre pessoas com maior nível de instrução, a certeza de que o desemprego é fonte de produção da violência, principalmente na periferia das grandes cidades. Alguns deploram o crescimento de favelas em áreas de mata nativa, outros são sensíveis aos grupos de moradores de rua que, de repente, surgem do nada para ocupar as calçadas vizinhas a seus prédios de luxo.

O nível de instrução dá a essas pessoas uma ferramenta para interpretar a realidade dos últimos oito anos. É gente que já conhece a atuação do FMI, sabe os riscos representados pelo baixo nível das reservas e não chega a se surpreender com o estabelecimento de um círculo virtuoso na economia.

Pode até reclamar do crescimento da presença do estado, mas enxerga nisso uma tendência mundial. Os mais espertinhos podem até concluir que sob seu olhar, um tanto perplexo, a roda da História está se movendo mais rápido do que o esperado.

São pessoas que, possivelmente, deram um segundo mandato a FHC porque também eram atingidas pela inflação, mas agora não querem saber de uma volta ao marasmo e ao crescimento zero vírgula qualquer coisa. 

É provável que alguns desses motivos levem a candidata do PT a estar em primeiro lugar nas intenções de voto entre os eleitores com maior faixa de renda.  



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