O Brasil é
um país de crédulos?Ou somos em bom número totalmente idiotas? Os jornalões
estão tentando uma última cartada para deteriorar a candidatura de Dilma
Rousseff que, segundo as pesquisas Datafolha/O Globo, já tem 49% das intenções
de voto contra 29% de José Serra.
A ideia de promover uma suposta invasão de
dados sigilosos da Receita Federal pelo PT, com a finalidade de fuçar a vida de
pessoas ligadas ao tucano José Serra, é crível?
A campanha
serve perfeitamente para as velhinhas de Taubaté, mas não enganam ninguém mais.
(A velhinha de Taubaté, para quem não ouviu falar, foi uma personagem criada
por Luis Fernando Veríssimo que acreditava em tudo o que a mídia dizia, mesmo
os maiores absurdos da política econômica da época).
Fica difícil
acreditar que o PT, levando ampla vantagem nas pesquisas de intenção de votos,
tenha interesse em criar problemas nessa reta final de campanha. A história é
bem parecida com o esquema publicitário montado em torno do que se chamou de
“mensalão”. Deputados do PT e partidos aliados receberam dinheiro – isso é fato
– quando terminou a campanha de 2006.
O dinheiro
veio de empresas públicas (os Correios) e privadas, a Usiminas à frente. Aliás,
ninguém foi cassado porque as empresas doadoras chamaram seus deputados e deram
ordens nesse sentido.
O problema é que o dinheiro vinha do chamado Caixa 2. E
se a coisa continuasse no Congresso, algum dos deputados “mensaleiros” poderia abrir
a boca e contar de onde tinha vindo o dinheiro escoado por Marcos Valério. E,
no final do novelo, as empresas poderiam sair chamuscadas do episódio.
Até aí tudo
bem. Ou tudo mal. O problema foi o pretexto que a mídia arranjou para o
pagamento que, aliás, nunca foi mensal. Segundo os jornalões, os deputados
envolvidos precisavam ter suas contas bancárias irrigadas para votar projetos
de interesse do governo.
É uma
fantástica falta de imaginação. Em primeiro lugar, porque 7 ou 8 envolvidos
não têm a menor possibilidade de virar qualquer votação numa Câmara de 513
parlamentares.
Em segundo
lugar, fica muito difícil imaginar que nomes como Doutor Rosinha, José Genoíno
e o ex-presidente da Casa, João Paulo Cunha, precisassem receber para votar com
seu partido. Faltou imaginação aos editores dos jornalões.
Quem recebeu
estava fechadíssimo com o governo Lula e o dinheiro certamente serviu para
pagar contas de campanha, comprar uma casa nova, pagar a viagem da mulher a
Paris e outras farras de maior ou menor porte. A prática é antiga como andar
pra frente, o que não quer dizer que seja correta.
A mesma
falta de imaginação volta às páginas da mídia conservadora: o PT resolve pôr a
mão no vespeiro exatamente quando leva uma grande vantagem na eleição
presidencial? A oposição, é claro, está muitíssimo mais interessada nesse tipo de
coisa.
E é muito
mais provável que sua rapaziada tenha tomado a iniciativa, tentando armar para
o partido e sua candidata na reta final da eleição. Como no Brasil a elite e
seus asseclas nunca vão parar na cadeia, a não ser por umas poucas horas, se
aparecer algum esbirro (gostaram do esbirro?) tucano com a mão na massa, a bola
será tocada pra frente sem maiores delongas.
Qualquer detetive
de livro de bolso sabe que quando há um crime a primeira pergunta a ser feita
é: a quem interessa? A quem interessa um escândalo às portas da eleição
presidencial!?
À candidata do PT que leva 20 pontos percentuais de vantagem e
já ultrapassou seu adversário em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul
(até agora redutos serristas) e até entre os eleitores de maior renda Brasil
afora?
Ou ao
candidato que despenca nas pesquisas e vê aliados e financiadores abandonando o
barco? Somos 180 milhões de velhinhas de Taubaté? Acreditamos no O Globo? Na
Folha? No Estadão? Ou entramos definitivamente na era da democratização da
mídia? Onde as opiniões corporativas têm,
agora, um contraponto?
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