O candidato
a vice na chapa tucana já armou a primeira confusão. Disse para câmeras e
microfones que o PT era “tudo de ruim e estava ligado às FARC - Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia - e ao narcotráfico”.
Resultado, o desmentido
ficará no site tucano por dez dias a partir desta terça-feira. Índio da Costa
pode não ser um completo idiota, como parece, mas está acostumado aos
factóides, uma criação de seu mestre, César Maia.
Aliás, não é
muito difícil imaginar que Maia, ao ungir da Costa, tenha criado mais um
factóide para sua interminável galeria. É possível que o postulante a uma
cadeira no Senado, pelo estado do Rio de Janeiro, acredite que colocar um
desconhecido, inexperiente e confuso personagem, resulte em votos para a
campanha de José Serra.
É complicado.
A essa altura do campeonato, com Dilma já livrando cinco pontos, segundo o
IBOPE, sobre seu adversário, só mesmo um desastre de graves proporções pode
mudar os rumos da campanha. Pessoalmente, acredito que mesmo sob circunstâncias
desfavoráveis será difícil impedir a vitória da candidata do Partido dos
Trabalhadores.
Isso porque
é a economia quem decide a eleição. E há muito tempo não existem no Brasil
tantas condições favoráveis ao crescimento econômico. O país bate recordes
sobre recordes em produção, emprego, crédito, vendas. O círculo virtuoso está
instalado e algumas nuvens denunciando a possibilidade da volta da inflação –
uma inflação perfeitamente controlável, diga-se de passagem – foram dissipadas.
Fica muito
difícil que a nova classe média, que domina agora o cenário em termos de voto,
opte por uma aventura. Os tucanos sabem disso e assim seu programa de governo é
praticamente o mesmo do PT. José Serra, pelo menos nesse início de campanha,
repete desesperadamente que a Bolsa Família vai continuar. Se vai mesmo, num
hipotético governo tucano, é outra coisa.
Serra também
desconversa quando se fala na volta às privatizações. Na tentativa de trazer
alguma coisa nova para a campanha, seus marqueteiros inventaram um tal
Ministério da Segurança. Ninguém sabe muito bem para o que essa novidade vai
servir, já que esse item é prerrogativa dos governos estaduais.
E para azar do
tucanato, logo agora, no início da campanha, surgem atentados contra a Rota –
Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar – queima de carros e troca de tiros entre
policiais e bandidos.
Pior do que
isso é a debandada de aliados. Começou com os partidos de aluguel. Alguns
avaliaram mal os primeiros resultados, quando Serra era conhecido e Dilma não.
E deram o pontapé inicial da corrida em direção ao candidato do PSDB. Voltaram
rápido às hostes petistas quando outras pesquisas começaram a ser publicadas na
mídia. Agora são os próprios adversários do PT que deixam Serra falando
sozinho.
O senador
Arthur Virgílio, outrora baluarte da causa tucana, que ameaçava fisicamente os
petistas -Virgílio se diz praticante de artes marciais –associa-se ao
ex-ministro dos Transportes do governo petista, Alfredo Nascimento, para tentar
uma difícil reeleição no Amazonas. Será que o eleitor está entendendo alguma
coisa?
Outro
expoente da oposição, Agripino Maia, também senador, segue o mesmo caminho,
fazendo com que sua candidata ao governo do Rio Grande do Norte, Rosalba
Carlini, suma com os santinhos de Serra.
Maia sabe que o DEM, em rápido
processo de extinção, teria um último alento se, pelo menos, elegesse um
governador de Estado. No caso, a senhora Carlini. O problema é que a
popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva é muito grande nas regiões norte e
nordeste.
Esconder o apoio à candidatura do PSDB pode melhorar o panorama?
O que
impressiona é o saco de gatos em que parece estar enfiada a campanha tucana. É
meio difícil de acreditar que ninguém tivesse o bom senso de descartar, de
cara, um vice como Índio da Costa que já começou a dar sua contribuição para a
derrocada do candidato à presidência. Será que o tucanato imaginou, dados os
primeiros resultados, que Serra levaria tão fácil que era possível carregar nas
costas um desconhecido?
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