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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A dura vida do comentarista de política

Comentário sobre as eleições tende a valorizar fatos periféricos – que não deixam de influenciar quem vota, mas em proporções mínimas – deixando de lado o que realmente está decidindo.

É lógico que tentar colar a imagem em Lula – a foto do atual presidente emoldurou alguns programas de José Serra – foi um erro patético. Assim como a escolha do vice, Índio da Costa, um desconhecido fora do Rio de Janeiro que, de cara, revelou-se um atrapalhado porta voz da campanha tucana.

Um grande fiasco num debate pela TV, uma notícia impactante de última hora, também podem produzir reviravoltas importantes.

Mas tudo isso só se consolida num cenário em que a economia é uma pauta de menor importância e o crescimento econômico não pode ser visto a olho nu.

Ou como acontece nas disputas em que o eleitor sabe – ou acredita que seja assim – que sua vida não vai mudar muito se o escolhido for esse ou aquele candidato.

Assim, em eleições proporcionais, as tendências podem variar dependendo de fatores periféricos. Nas majoritárias a situação muda um pouco. Quem vota tem expectativas maiores sobre quem vai ser eleito.

Mas todo mundo sabe que, na outra ponta, quem decide mesmo sobre sua vida é o próximo presidente. Foi assim quando o sociólogo Fernando Henrique Cardoso conseguiu seu segundo mandato.

A economia estava então em pleno marasmo, o crescimento próximo do zero e o desemprego estagnado em patamares altos. Mas o respeitável publico preferia isso ao retorno da inflação desgovernada.

FHC foi escolhido para encarnar o fim do desatino da moeda. Ganhou com certa facilidade (embora seu antecessor, Itamar Franco, tenha dito que sua única participação no Plano Real tenha sido apor sua assinatura nas novas notas).

A eleição presidencial que se avizinha é disputada num cenário totalmente diferente. O país está em um momento de vigoroso crescimento econômico, bate recordes no número de pessoas empregadas, há crédito fácil na praça.

Fica difícil alguém querer correr qualquer tipo de risco diante de uma situação dessas. É como se fosse um Plano Real às avessas? Talvez. No entanto, o cenário foi esboçado quatro anos atrás.

O país já apresentava um quadro saudável, mas os números estavam longe do que se vê agora em 2010. Mesmo assim, a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva mostrou uma fantástica mudança de perfil no eleitorado.

Em 2002, o candidato do PT teve um apoio grande de setores da classe média ansiosa pelo “novo”. Lula venceu nas grandes cidades, em parte com votos de eleitores com maior nível escolar.

E foi arrasado nos chamados grotões, as cidades com menos de vinte mil eleitores, onde a troca de votos por benesses de última hora era prática oriunda da Primeira República.

Em 2006, os votos do candidato do PT já vinham, em sua grande maioria, de regiões mais pobres do interior e da periferia das grandes cidades.

Em 2010, com a consolidação de uma nova política econômica, Lula ficou à vontade para fazer, da executora das políticas de governo, sua candidata à sucessão.

Lula elegeria até um poste, disse um desconsolado comentarista político  na TV. É verdade em parte. Apesar do carisma foi a política econômica do governo Lula que levou a candidata Dilma Rousseff a uma posição privilegiada nas pesquisas até agora.

A rapaziada que anda “queimando as pestanas”, como se dizia no passado distante, para descobrir as razões do sucesso da candidata do PT, deveria prestar um pouco mais de atenção na economia.


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