O candidato
José Serra não tem jeito mesmo. Disse, na terça-feira, durante entrevista no
Jornal Nacional da Rede Globo, que “estava tecnicamente empatado” com Dilma
Rousseff na corrida para o Planalto.
Para que o tucano não fosse desmentido
dois minutos depois, no segundo bloco, a Globo adiou de terça para quarta a
divulgação da mais recente pesquisa IBOPE, que mostra a candidata do PT 12
pontos à frente de seu adversário.
No episodio
da prefeitura de São Paulo Serra comprometeu-se de público, no debate mediado
por Boris Casoy, que na ocasião estava da TV Record, a levar seu mandato de
prefeito até o fim.
Não levou, mas como jornalões e TVs prestam serviços a sua
candidatura nada foi cobrado do então prefeito que virou governador. Serra vai de mentira em mentira, mas nem
sempre a coisa dá certo. No caso da quebra do sigilo bancário o tiro foi no pé
do candidato.
O jornalista
Amaury Júnior, que subornou um despachante para falsificar a assinatura de
várias pessoas ligadas a José Serra - inclusive sua filha – contou na Polícia Federal
que a iniciativa partiu do próprio tucanato serrista.
A idéia era atropelar a
outra pré-candidatura, do então governador de Minas Aécio Neves. A técnica é
velha como andar pra frente: Serra e seus rapazes violavam sigilo de pessoas
próximas e então lançavam a culpa em Aécio Neves.
A ditadura militar a seu
tempo fez disso uma prática diuturna. Queimou bancas de jornal, fez atentados
contra a ABI e outras identidades, culminando com a Bomba no Riocentro. A culpa
era sempre passada a “comunistas e esquerdistas”.
Na quarta-feira
o Jornal Nacional fez um grande esforço para continuar envolvendo o PT nas
trapalhadas da rapaziada que trabalha com Serra. Colocou no ar os tucanos que
tiveram seus sigilos bancários quebrados por eles mesmos e “esqueceu” de mostrar o informe da Polícia Federal que desvincula o Partido dos Trabalhadores da
montagem do PSDB.
Depois da divulgação das pesquisas, William Bonner e Fátima
Bernardes empenharam-se na leitura de matérias que denigrem o partido e, por
tabela, a candidata do Partido dos Trabalhadores.
O ponto alto
foi a “agressão” sofrida pelo candidato tucano num reduto da adversária. Serra
foi atingido por uma bobina de papel e desempenhou razoavelmente bem o papel de
ferido em batalha.
Embora os médicos não tenham visto nenhum ferimento na
cabeça do candidato, José Serra disse que sentiu náuseas e foi aconselhado a
repousar para tentar ganhar uns votinhos.
A Globo diz que investigou, entre
quem protestava contra a passeata dos tucanos, um ex-candidato a vereador pelo
PT. É possível, até porque ainda não é
proibido protestar contra passeatas de adversários.
Mas dado o
objeto que teria atingido Serra - que não deve pesar mais do que algumas poucas
gramas - é bem possível que tenha sido atirado por um de seus correligionários
encarregado de criar mais um factóide de campanha.
Aliás,
falando em campanha, o candidato tucano vem prometendo aumentar o salário
mínimo para R$ 600,00 e dar o 13º para quem recebe o Bolsa Família. Só mesmo
seus mais fanáticos seguidores, ou eleitores absolutamente ingênuos podem acreditar
que Serra vai cumprir o que disse.
Como é que esse
eleitor poderá acreditar em promessas assumidas pelo candidato de não vender o
patrimônio público como aconteceu na gestão FHC/Serra? Fica difícil. Até porque
durante os oito anos que antecederam a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao
Planalto, a dupla fez exatamente o contrário.
Serra
inclusive aparece feliz na foto no momento em que batia o martelo na
privatização da Light.
Para quem
acha que o estado deve ser reduzido e se afastar da administração da economia,
abstendo-se de ser um indutor do desenvolvimento, um lembrete: entre os países emergentes
que vêem suas economias crescerem e passam a ser obrigatoriamente ouvidos nos
Fóruns Internacionais - Brasil, Rússia, China, Índia, os Brics, todos seguem o
modelo de estado indutor.
Do outro
lado estão os que acreditam que o mercado por si só resolve o problema - Estados
Unidos, França e outros europeus que não conseguem se desvencilhar das seqüelas
da crise dos subprime.
PS
A pesquisa
do IBOPE, divulgada ontem pelo Jornal Nacional em que a diferença entre Dilma
Rousseff e José Serra aumentou de oito para 12 pontos percentuais sucedeu a
outra, do Instituto Vox Populi - obviamente não divulgada pelos jornalões e TVs
- que dava os mesmos resultados.
Obviamente
também os tucanos já sabiam, de véspera, o que estava acontecendo. Por
isso haviam tomado providências para
acelerar a campanha contra o PT e sua candidata.
Nesse contexto estão o
ferimento de Serra em Campo Grande, no Rio, e os demais “escândalos” que serão
forjados ou mesmo requentados nos próximos dias.
Em dois deles,
pelo menos os meus 19 leitores tem minha garantia de que não aconteceram: Dilma
não inventou a segunda-feira nem atirou o pau no gato.
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