Eunice Guerra |
E a quebra do sigilo bancário da rapaziada ligada ao
ex-candidato José Serra? Como é que ficou o caso dos dois milhões de folhetos
contra Dilma Rousseff mandados imprimir pelo bispo de Guarulhos, Luiz Gonzaga
Bergozini? Quem deu a grana para o senhor bispo?
E o
simpático doutor que ganhou as manchetes depois de mandar o candidato José Serra
fazer uma tomografia computadorizada para medir a extensão dos danos provocados
pelo choque de uma bolinha de papel?
Abandonou definitivamente a ribalta e retornou
com brilho ao consultório? A senhora Mônica Serra continua firme na crença de
que a presidente eleita pretende mesmo matar criancinhas? Infelizmente, não sabemos.
Será que
alguém ainda se interessa por sua filha, Verônica, que conseguiu quebrar o
sigilo bancário de 18 parlamentares no período em que estava associada à outra
Verônica, filha do banqueiro Daniel Dantas? (Fato que, agora, a mídia faz parecer tão
distante quanto a chegada das naves cabralinas).
Onde está
nesse momento o engenheiro de codinome Paulo Preto, objeto de tiroteio cerrado
de milhares de blogueiros que remavam contra a maré montante da mídia
corporativa?
E o pequeno escândalo –
logo abafado – no orçamento das obras do metrô de São Paulo? Alguém mais fala
no assunto?
Pois é,
agora o resto é o silêncio da mídia sobre assuntos que, ontem, pareciam
determinar o futuro do país. Não
determinavam, é claro. Tudo não passou de uma chusma de factóides lançados
pelos jornalões e TVs que então apoiavam o candidato tucano.
Erenice Guerra
acabou castigada com a demissão; Paulo Preto acabou estigmatizado como ladrão de
contribuições de campanha.
Mas o tempo
e o esquecimento do assunto imposto por jornalões e TVs acabarão por redimir
tais protagonistas. Até porque, segundo
o folclore, “brasileiro tem memória curta”, e crimes de “colarinho branco”
nunca são realmente apurados.
Daniel Dantas, um exemplo recorrente, flagrado
tentando comprar a retirada do nome de um dos inúmeros processos que correm
contra ele na Justiça, foi imediatamente solto – duas vezes aliás – pelo então
presidente do STF, Gilmar Mendes.
É pertinente
que os jornais, quando sérios, tendam a reduzir a cobertura de um assunto
quando o tempo passa. É natural que o processo de apuração do caso do goleiro
Bruno, acusado da morte de Eliza Samudio, tenha grande repercussão nesse
momento.
Além do principal acusado ter frequentado a mídia esportiva quase todo
dia, alguns fatos macabros, do suposto homicídio, fazem com que os editores e
repórteres se esforcem em busca de detalhes exclusivos a cada ida do goleiro ao
Fórum de Contagem.
Com o tempo,
porém, o interesse é reduzido e escasseiam as matérias, até que um novo fato,
lá adiante - como o julgamento do goleiro e seus comparsas – desperte, de novo,
o interesse do respeitável público.
Essa é uma regra geralmente levada em conta
quando há interesse do jornal ou da TV em abrir espaço para a notícia.
O que houve
durante o período das eleições de 2010, no entanto, não tem muito a ver com
noticiário.
E os mais espertinhos já sabiam depois de ouvir no seminário Millennium
em São Paulo, a presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Britto:
“Como os partidos (leia-se DEM e PSDB) estão fragilizados é hora da mídia
assumir esse papel”.
É, mas não
deu certo.
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