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domingo, 21 de novembro de 2010

Teresópolis e a Política Local

Escrever sobre política local em tempos de eleição, aprendi, é problemático. Uma frase, uma opinião mesmo que singela, um parágrafo aparentemente mal colocado, num jornal aparentemente pouco lido, parecem ter o dom de tirar o sono do candidato. Ou votos, na opinião dele.

No passado um tanto distante e depois de ouvir cinco ou seis “experts” em política local, escrevi que um candidato a deputado federal tinha pouca ou nenhuma chance de ser eleito. Nada contra o candidato, a opinião se baseava em alguns fatos – um deles a visível falta de recursos para uma campanha bem sucedida – e nas opiniões colhidas.


O candidato, uma pessoa educada, reclamou e muito. Eu estava há relativamente pouco tempo na cidade e não podia imaginar algum possível efeito devastador sobre a candidatura. Mas parece que havia.

Não exatamente devastador, mas segundo meu interlocutor alguns votos, antes quase certos, escorreram ralo abaixo depois da matéria.

O candidato até que, contrariando minhas expectativas, não foi tão mal assim. Ficou suplente e chegou a assumir o cargo. De qualquer modo aprendi a lição: melhor é não dar pitaco na rádio, não palpitar por escrito.  

Antes do último 3 de outubro a tentação de produzir matérias sobre as possibilidades eleitorais dos 17 candidatos a deputado com bases eleitorais em Teresópolis também era grande.

Deixei de lado. Mas em conversas mais ou menos reservadas, com amigos, disse que as chances de qualquer nome “da cidade” sair eleito eram próximas do zero. Alguém ponderou que Nilton Salomão poderia ser eleito. Não acreditei; errei feio.

Também não imaginei que Nestor Vidal chegasse à casa dos 51.000 votos. Em números arredondados foram 18.000 em Teresópolis, 25.000 em Magé e o restante em Guapimirim e municípios próximos. A votação não deixou espantado apenas este escriba.

Muita gente que dita cátedra sobre eleições também se surpreendeu.

Vidal, Salomão & outros candidatos “de Teresópolis”, aliás, foram tema de parte do programa Ponto Final da ForPress gravado na terça-feira (9) para a TV Cidade.

Como televisão é a arte do superficial, muitas vezes uma opinião é editada pela metade. E pior, em alguns casos o corte faz parecer que o autor da opinião disse exatamente o que não pensa.

De qualquer forma o rescaldo da última eleição, posto na mesa durante o programa, concluiu que Teresópolis rejeita o PT, embora Nilton Salomão tenha sido eleito pelo partido.

Nesse caso o PT não seria levado em conta, mas sim o candidato. É possível. Até porque nas eleições para prefeito em 2008 Salomão era o vice na chapa do PMDB.

Meu companheiro de programa, Henrique Carregal, presidente da ACIAT, acredita que os 18.000 dados na cidade  a Nestor Vidal o colocam na condição de liderança local. Concordo, mas só em parte.

Cleyton Valentim (10.000 votos) é outro nome que chamou a atenção. Valentim e Erika Marra(também ) “dividiram os votos petistas na cidade”, mas a divisão não impediu que Salomão (também petista)se elegesse.

Sobre o futuro ninguém discute a importância do deputado eleito daqui por diante na política local, mas no caso da disputa pela prefeitura, por exemplo, o deputado terá que sair vitorioso na convenção do PT local, numa briga de foice com o atual prefeito Jorge Mario Sedlacek.

Isso porque não há dúvida de que o atual ocupante do cargo, pleiteia um segundo mandato.

Não vejo muitas possibilidades para os candidatos veteranos. Mário Tricano perdeu, em 2008, para Jorge Mario e um especialista no marketing político , dias antes da eleição, vaticinou que o ex-prefeito não tinha a menor possibilidade de vencer.

 Segundo ele, o índice estratosférico de rejeição do candidato faria com que o eleitor procurasse votar em alguém que pudesse derrotá-lo. José Carlos Faria, acossado pela proximidade com Roberto Petto e problemas com a Certef, acabou em terceiro. O especialista havia previsto para o PMDB: ou vitória ou terceiro lugar. Não deu outra.

No caso de Roberto Petto sua votação em 2010 é um forte sinalizador de que a rejeição permanece. O candidato, segundo pessoas próximas, esperava pelo menos 10.000 votos; teve pouco mais de 4.000. É complicado, mas essa análise está sendo feita dois anos antes do próximo pleito. Até lá muita coisa pode ser rearranjada na política local.

No caso do atual prefeito Jorge Mario, serão dois anos para virar o jogo. Até agora a rejeição braba é motivada pelas sucessivas matérias aparecidas nos jornais e emissoras de rádio que fazem oposição. Os  escândalos aparentemente “colaram” na atual administração.

No início do mandato foi a concessão para recolhimento de lixo domiciliar, depois o superfaturamento na compra de uniformes escolares. Mais tarde o aparecimento de uma página do diário oficial que teria sido falsificada.

O prefeito também acabou envolvido na substituição (quantas foram até agora!?) de seus secretários, o que para o respeitável público dá a impressão que as escolhas iniciais foram erradas.

Jorge Mário, porém, tem um trunfo importante na manga do qual talvez ele próprio desconheça a extensão. Seu programa  Pique Trabalho, criado a partir de demandas do Orçamento Participativo, se ampliado e bem trabalhado, pode produzir uma enxurrada de votos vindos das áreas carentes da periferia de Teresópolis.

 Jorge Mario, por outro lado, também terá “a máquina na mão” e concorrentes com altíssimos índices de rejeição daqui a dois anos. Se ainda puder contar com o apoio do PT – se até lá suas estripulias políticas não provocarem a ira do partido – ainda é o nome mais forte para manter-se no poder.

A eleição de 2012 parece, nesse momento, bastante distante. É possível que os futuros candidatos a prefeito e à Câmara Municipal ainda acreditem que é cedo para mover as peças no tabuleiro do xadrez político.

E ainda dá tempo para o surgimento de algum novo jogador, estrela fulgurante, que venha a ameaçar o rei adversário. Provavelmente daqui a um ano o jogo comece. Então poderemos ver se o que foi escrito agora estará ou não próximo da realidade.  

Texto de: José Attico

   

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