Visite Também

Visite também o Blog do José Attico.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Rescaldo de uma eleição (ainda!?)

O Produto Interno Bruto brasileiro deve fechar o ano com crescimento de 7,5 por cento, apesar da desaceleração da atividade econômica do país registrada a partir do segundo trimestre, segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado na quinta-feira (11).

A última previsão, feita em maio, apontava para expansão de 6,5 por cento do PIB nacional neste ano e de 4,3 por cento em 2011.

A forte expansão econômica em 2010 se deve principalmente a estímulos governamentais, também segundo a OCDE, que espera ainda um crescimento de 5 por cento em 2012. É bom lembrar também que, em 2009, esse número foi zero, resultado da crise dos subprimes, gestada nos Estados Unidos e que acabou se espalhando pelo mundo.

Pois é. Ninguém se iluda, a vitória de Dilma Rousseff aconteceu porque a maioria da população vota de olho no bolso. 

A candidata do PT não levou no primeiro turno porque entraram na disputa as baixarias protagonizadas pelo candidato tucano, entre as quais a acusação de que Dilma “seria favorável ao aborto”, o caso Erenice Guerra e a patética realização de uma tomografia computadorizada logo após Serra ter sido atingido por uma bolinha de papel. 

Que, na verdade, acabou só enganando os próprios serristas.

A mídia corporativa fez o seu papel abrindo espaço para denúncias - algumas antigas como a quebra do sigilo bancário dos amigos do tucano José Serra - reavivadas nos fornos das redações dos grandes jornais, revistas e canais de TV. 

Nesse capítulo o destaque foi para a revista Veja que produziu de dossiês falsos até pequenas mentiras, desmentidas mais tarde em páginas que ninguém lê. No final das contas, passada a eleição, a revista da famiglia Civita demitiu seu colunista mais agressivo e fez matéria de capa com a vencedora da eleição.

Outros fatores também foram importantes, como o desconhecimento da era pré-Lula por boa parte da população jovem, que não tinha parâmetros para saber a diferença entre o governo do PT e seus antecessores. 

Contou também a posição retrógrada de alguns religiosos que, nos bastidores, levaram uma graninha para fazer propaganda do candidato do PSDB, inclusive imprimindo milhões de folhetos denegrindo a candidata do PT.

Nada disso impediu a continuidade de um processo que, em oito anos, tornou o Brasil uma potência mundial. 

Sobre esse assunto, aliás, acaba de sair na França “Les Chemins de La Puissance” (“Os caminhos para chegar à potência”, em tradução livre) livro em dois volumes, escrito por Denis Rolland em dupla com o brasileiro Carlos Lessa, que mostra o caminho percorrido, nos últimos oito anos, pelo Brasil, entre o estigma de “país do futuro” e o status de potência. A editora é a L Hartmattan

O país também passou a ser respeitado nos Fóruns Internacionais e está começando a deixar para trás aquilo que o escritor Nelson Rodrigues chamava de complexo de vira-lata. 

Ou seja, uma sensação de inferioridade latente demonstrada quando o ministro das Relações Exteriores, Vasco Leitão da Cunha, beijou a mão do embaixador americano no Brasil.

O fato ocorreu durante a ditadura militar, quando a submissão explícita aos Estados Unidos era recorrente. 

O grau de subserviência diminuiu – ou se tornou menos explícito – mas só nos últimos oito anos o Brasil parou “de pedir licença” aos Estados Unidos para tomar qualquer atitude no cenário internacional. Terminou a chamada “política de alinhamento” em que o país votava regularmente com os americanos em todos os organismos internacionais.

Esse tempo, que um saudoso tucanato pretendia fazer voltar nas recentes eleições, parece destinado, definitivamente, a fazer parte da história. 

Até porque as lideranças mais retrógradas, embora renitentes, estão condenadas ao ostracismo. Ou seja: ao invés de FHC/Serra, nomes como Aécio Neves/Beto Richa devem assumir a oposição ao governo Dilma... 






            

Nenhum comentário:

Postar um comentário