O Produto Interno Bruto brasileiro
deve fechar o ano com crescimento de 7,5 por cento, apesar da desaceleração da
atividade econômica do país registrada a partir do segundo trimestre, segundo
relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
divulgado na quinta-feira (11).
A última previsão, feita em maio,
apontava para expansão de 6,5 por cento do PIB nacional neste ano e de 4,3 por
cento em 2011.
A forte expansão econômica em 2010 se
deve principalmente a estímulos governamentais, também segundo a OCDE, que
espera ainda um crescimento de 5 por cento em 2012. É bom lembrar também que,
em 2009, esse número foi zero, resultado da crise dos subprimes, gestada nos
Estados Unidos e que acabou se espalhando pelo mundo.
Pois é. Ninguém se iluda, a vitória
de Dilma Rousseff aconteceu porque a maioria da população vota de olho no
bolso.
A candidata do PT não levou no primeiro turno porque entraram na disputa
as baixarias protagonizadas pelo candidato tucano, entre as quais a acusação de
que Dilma “seria favorável ao aborto”, o caso Erenice Guerra e a patética realização
de uma tomografia computadorizada logo após Serra ter sido atingido por uma
bolinha de papel.
Que, na verdade, acabou só enganando os próprios serristas.
A mídia corporativa fez o seu papel
abrindo espaço para denúncias - algumas antigas como a quebra do sigilo
bancário dos amigos do tucano José Serra - reavivadas nos fornos das redações
dos grandes jornais, revistas e canais de TV.
Nesse capítulo o destaque foi
para a revista Veja que produziu de dossiês falsos até pequenas mentiras,
desmentidas mais tarde em páginas que ninguém lê. No final das contas, passada
a eleição, a revista da famiglia Civita demitiu seu colunista mais agressivo e
fez matéria de capa com a vencedora da eleição.
Outros fatores também foram
importantes, como o desconhecimento da era pré-Lula por boa parte da população
jovem, que não tinha parâmetros para saber a diferença entre o governo do PT e
seus antecessores.
Contou também a posição retrógrada de alguns religiosos que,
nos bastidores, levaram uma graninha para fazer propaganda do candidato do PSDB,
inclusive imprimindo milhões de folhetos denegrindo a candidata do PT.
Nada disso impediu a continuidade de
um processo que, em oito anos, tornou o Brasil uma potência mundial.
Sobre esse
assunto, aliás, acaba de sair na França “Les Chemins de La Puissance” (“Os
caminhos para chegar à potência”, em tradução livre) livro em dois volumes,
escrito por Denis Rolland em dupla com o brasileiro Carlos Lessa, que mostra o
caminho percorrido, nos últimos oito anos, pelo Brasil, entre o estigma de “país
do futuro” e o status de potência. A editora é a L Hartmattan
O país também passou a ser respeitado
nos Fóruns Internacionais e está começando a deixar para trás aquilo que o
escritor Nelson Rodrigues chamava de complexo de vira-lata.
Ou seja, uma
sensação de inferioridade latente demonstrada quando o ministro das Relações
Exteriores, Vasco Leitão da Cunha, beijou a mão do embaixador americano no
Brasil.
O fato ocorreu durante a ditadura
militar, quando a submissão explícita aos Estados Unidos era recorrente.
O grau
de subserviência diminuiu – ou se tornou menos explícito – mas só nos últimos
oito anos o Brasil parou “de pedir licença” aos Estados Unidos para tomar
qualquer atitude no cenário internacional. Terminou a chamada “política de
alinhamento” em que o país votava regularmente com os americanos em todos os
organismos internacionais.
Esse tempo, que um saudoso tucanato
pretendia fazer voltar nas recentes eleições, parece destinado,
definitivamente, a fazer parte da história.
Até porque as lideranças mais
retrógradas, embora renitentes, estão condenadas ao ostracismo. Ou seja: ao
invés de FHC/Serra, nomes como Aécio Neves/Beto Richa devem assumir a oposição
ao governo Dilma...
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