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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O resto é silêncio

Eunice Guerra
E de repente,  o silêncio. Ou quase. Em que jornais e revistas poderemos ler agora os desdobramentos e “suítes” das matérias sobre o tráfico de influência protagonizado pelos filhos da ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra? 

E a quebra do sigilo bancário da rapaziada ligada ao ex-candidato José Serra? Como é que ficou o caso dos dois milhões de folhetos contra Dilma Rousseff mandados imprimir pelo bispo de Guarulhos, Luiz Gonzaga Bergozini? Quem deu a grana para o senhor bispo?

E o simpático doutor que ganhou as manchetes depois de mandar o candidato José Serra fazer uma tomografia computadorizada para medir a extensão dos danos provocados pelo choque de uma bolinha de papel? 

Abandonou definitivamente a ribalta e retornou com brilho ao consultório? A senhora Mônica Serra continua firme na crença de que a presidente eleita pretende mesmo matar criancinhas? Infelizmente,  não sabemos.

Será que alguém ainda se interessa por sua filha, Verônica, que conseguiu quebrar o sigilo bancário de 18 parlamentares no período em que estava associada à outra Verônica, filha do banqueiro Daniel Dantas?  (Fato que, agora, a mídia faz parecer tão distante quanto a chegada das naves cabralinas).

Onde está nesse momento o engenheiro de codinome Paulo Preto, objeto de tiroteio cerrado de milhares de blogueiros que remavam contra a maré montante da mídia corporativa?  

E o pequeno escândalo – logo abafado – no orçamento das obras do metrô de São Paulo? Alguém mais fala no assunto?

Pois é, agora o resto é o silêncio da mídia sobre assuntos que, ontem, pareciam determinar o futuro do país.  Não determinavam, é claro. Tudo não passou de uma chusma de factóides lançados pelos jornalões e TVs que então apoiavam o candidato tucano. 

Erenice Guerra acabou castigada com a demissão; Paulo Preto acabou estigmatizado como ladrão de contribuições de campanha.

Mas o tempo e o esquecimento do assunto imposto por jornalões e TVs acabarão por redimir tais protagonistas.  Até porque, segundo o folclore, “brasileiro tem memória curta”, e crimes de “colarinho branco” nunca são realmente apurados.

Daniel Dantas, um exemplo recorrente, flagrado tentando comprar a retirada do nome de um dos inúmeros processos que correm contra ele na Justiça, foi imediatamente solto – duas vezes aliás – pelo então presidente do STF, Gilmar Mendes.

É pertinente que os jornais, quando sérios, tendam a reduzir a cobertura de um assunto quando o tempo passa. É natural que o processo de apuração do caso do goleiro Bruno, acusado da morte de Eliza Samudio, tenha grande repercussão nesse momento. 

Além do principal acusado ter frequentado a mídia esportiva quase todo dia, alguns fatos macabros, do suposto homicídio, fazem com que os editores e repórteres se esforcem em busca de detalhes exclusivos a cada ida do goleiro ao Fórum de Contagem.

Com o tempo, porém, o interesse é reduzido e escasseiam as matérias, até que um novo fato, lá adiante - como o julgamento do goleiro e seus comparsas – desperte, de novo, o interesse do respeitável público. 

Essa é uma regra geralmente levada em conta quando há interesse do jornal ou da TV em abrir espaço para a notícia.

O que houve durante o período das eleições de 2010, no entanto, não tem muito a ver com noticiário. 

E os mais espertinhos já sabiam depois de ouvir no seminário Millennium em São Paulo, a presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Britto: “Como os partidos (leia-se DEM e PSDB) estão fragilizados é hora da mídia assumir esse papel”.

É, mas não deu certo.
   


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