Situação incontorrnável? |
De acordo com o corregedor da Secretaria de
Segurança Pública, Giuseppe Vitagliano, a denúncia será investigada. “A
denúncia ainda está um pouco vaga, mas nós já iniciamos a apuração. Procuramos
reunir provas para punir os autores ou autor do desvio de conduta”, disse.
Moradores também contaram à polícia que bandidos
fugiram por uma rede de esgotos em obras. Segundo a denúncia, os traficantes
teriam obrigado operários a construir túneis.
O chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, nega que
haja qualquer investigação que aponte o envolvimento de funcionários do estado
com a construção de túneis. “Isso não existe. Não há participação de
funcionários, não há qualquer escuta telefônica e não há qualquer investigação
que aponte isso”, afirmou.
Pois é. A notícia pode ser preocupante, mas para
quem conhece movimentos do gênero, já era esperada. A credibilidade da polícia
do Rio de Janeiro fica próxima do zero. E o apoio registrado durante as ações
na Vila Cruzeiro e no chamado Complexo do Alemão se deu porque quem subiu o
morro não foi a polícia, mas uma força especial formada por policiais civis,
militares e federais, paraquedistas, fuzileiros navais e homens da aeronáutica.
Ou seja, um “exército” impessoal em que a população da comunidade não via
antigos (e novos) algozes. Ou seja, as pessoas, durante a operação, puderam
confiar na “massa” de agentes da lei que naquele momento ocupava as duas
favelas.
Infelizmente, essa “lua de mel” parece que vai
durar pouco. Ainda confiantes na “força impessoal”, moradores começaram a
relatar abusos e até roubos, como o caso de um morador que teria ficado sem R$
31 mil, provenientes de um acordo feito com a empresa de onde se demitiu. Mas,
infelizmente, também, a polícia ameaçada pela possibilidade de um confronto
sangrento, nem sempre pode agir como dela se deveria esperar.
Ao invadir casas, revirar móveis e deixar tudo “bagunçado”,
os PMs e Agentes de Polícia Judiciária estavam fazendo o que era possível
naquele momento. Os 99% de moradores da Vila Cruzeiro e Morro do Alemão são
pessoas honestas, que trabalham duro e ganham muito pouco. Mas, nada impede que,
sob ameaça, sejam obrigadas a esconder em suas casas drogas e armas de
traficantes da região. A busca, casa a casa, se faz necessária e nem sempre (ou
melhor, quase nunca) essa busca é feita com os cuidados que seriam desejáveis.
A lua de mel polícia/população favelada pode ter
acabado, mas é preciso que o comando, no momento inebriado com os resultados
até agora, apure todas as denúncias contra soldados PM e policiais civis. Só
assim poderá ser, razoavelmente acertada, a relação entre forças de segurança e
moradores do Alemão e da Vila Cruzeiro, abrindo melhores perspectivas quando chegarem os novos PMs,
que ocuparão as futuras UPPs que serão instaladas ali.
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